Juninho Pernambucano é apresentado e recebe das mãos de Dinamite a camisa 8

Pouco mais de dez anos depois de disputar sua última partida pelo Vasco – em 18 de janeiro de 2001 –, Juninho voltou. Ele vestiu a mesma camisa 8 que o consagrou e encontrou um clube campeão, da mesma que forma que quando o deixou. Mas neste período, o clube de São Januário enfrentou crises, um longo jejum de títulos e até um rebaixamento. Para ele, entretanto, continua a ser, simplesmente, o seu Vasco. E o amor recíproco ficou provado na manhã deste sábado, na sede náutica da Lagoa, local da reapresentação daquele que é um dos maiores ídolos da história cruz-maltina.
Juninho Pernambucano é apresentado no Vasco (Foto: André Durão / GLOBOESPORTE.COM)


Recebido pelo presidente, Juninho garantiu que jamais se compararia a Roberto Dinamite. No entanto, fez questão de marcar seu território na linha do tempo vascaína, mas sem fugir da responsabilidade que terá dentro de campo, mesmo tendo firmado um contrato simbólico, com ganhos baseados quase que exclusivamente em metas atingidas. E, na busca por dar continuidade a uma história vencedora, o Reizinho, como é chamado pela torcida, ele se disse à disposição para seguir fazendo o Vasco campeão.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista coletiva concedida por Juninho na sede náutica da Lagoa:

Retorno
Um pouco diferente de primeira, em 95. Mudança para melhor. Talvez seja minha apresentação mais especial. Só quando os jogos começarem vamos ver. Vou participar de um time vencedor. Muito importante a vaga para Libertadores. Todos estão curiosos para saber como estou, e eu acredito que vou colaborar bastante. Lógico que existe diferença em relação ao Qatar, mas se eu não acreditasse em mim, não voltaria. Meu contrato protege o clube. Pode ser que eu não renda, porque a vida é assim, mas terei a consciência tranquila. Meu último jogo foi dia 21. Depois, parei quatro dias e logo iniciei os treinos. Quero curtir estes seis meses. Depois, vamos ver.

Condições da volta
Só quando os jogos começarem eu poderei saber, mas tenho a confiança de que chego para colaborar e fazer parte de um time vencedor. O torcedor está curioso para saber como estou, mas me sinto bem. Se não tivesse condições, não voltaria. Pode ser que não consiga ir bem, a vida é assim. Mas o que importa é que vou trabalhar muito. Joguei a última partida no dia 21 de maio, parei quatro dias e desde então venho treinando. Tenho confiança de que estarei muito bem. Como venho treinando, acho que em três semanas estarei em plena forma, podendo ser relacionado no primeiro jogo de julho.

‘Namoros’ até o retorno ao Vasco
Nos últimos anos, o Vasco sempre me procurou para voltar. Quando fui para o Qatar, achei que seria o último contrato da minha carreira, com validade de dois anos. Minha última temporada no Lyon houve um desgaste grande, pois havia necessidade de mudança, e diziam que ela passaria pela minha saída. Eu tinha duas opções, pois o Lyon só me liberava se eu voltasse para o Brasil ou se não ficasse na Europa. Naquele momento, não poderia recusar a proposta do Qatar. Então, depois de dois anos lá, surgiu a oportunidade de retornar ao Vasco. Era agora ou nunca. Achei que era o momento de voltar, de estar com a torcida. Acho que ainda estou jogando em alto nível.
Juninho Pernambucano é apresentado no Vasco (Foto: André Durão / GLOBOESPORTE.COM)

O contrato
Fiz assim por várias razões. Existe um receio da minha parte de que não renda o esperado. Estou há muito tempo fora, e existe essa dúvida. O Vasco fez uma proposta boa, mas preferi que fosse por prêmios. Porque se chegar em dezembro e não tiver sido como todo mundo espera, pelo menos o clube não terá um prejuízo econômico e eu vou poder dormir com a consciência tranquila. As pessoas falam que estou rico, mas não é isso. Tenho 36 anos, e se não estivesse bem, alguma coisa estaria errada na minha carreira. Sem citar nomes, hoje há jogadores que fazem muito menos e ganham muito mais. Tenho certeza de que farei muito, mas dessa forma protejo a mim, minha família e o clube.

Análise do Vasco desde a saída
Nunca mais entrei em São Januário desde que fui embora. O clube passou por momentos difíceis, inclusive um rebaixamento, mas aconteceu com muitos outros. Em termos de conquistas, foi um período complicado. Vendo de longe, foi ruim, mas espero que isso seja passado e que o time seja competitivo, como a torcida merece. Fiz parte de uma geração vencedora e, apesar de nunca ter feito o que fizeram Edmundo e Romário individualmente, volto para ajudar.

Sensação do retorno a São Januário neste sábado
É uma mistura de emoções. Lógico que existe o receio, pois pensei muito antes de voltar. Afinal, já estou na história. Mas é “se vira nos 30”. Vou fazer o que puder para render o melhor. Estou ansioso para voltar a São Januário hoje à noite, pois vou encontrar muitas pessoas que ainda estão no clube. Quero reviver esses momentos fortes no Vasco, mas com a expectativa de ganhar em campo. Sou bem emotivo. Há dois anos não jogo com estádio cheio e no qual um torcedor vivesse tanta paixão. Mas hoje não é só minha apresentação. É a entrega das faixas, a volta à Libertadores... Vai ser um reencontro especial para mim.

Música da torcida: ‘Gol do Juninho, Monumental’
Talvez eu seja um dos poucos privilegiados. Nunca imaginei que tivesse uma música com meu nome. Foi meu único gol naquela Libertadores e que não trocaria por 100.

Faixa de capitão
Nunca fui capitão no Vasco, mas sempre fui no Lyon e no Al-Gharafa. Seria um prazer grande repetir isso aqui. Minha volta vai facilitar com que os mais jovens cresçam pois se sentirão mais relaxados. Comigo foi assim. A pressão era em cima do Romário e do Edmundo e, sem perceber, a gente aproveitava. Seria um grande prazer ser capitão.

Função no Vasco após aposentadoriaExiste a possibilidade de ter alguma função. Colocamos essa possibilidade quando eu parar. Não me vejo longe do futebol e vou ter condição de colaborar depois. Mas ainda sou jogador e quero guardar minhas energias para ajudar em campo.

Título da Copa do Brasil
O Vasco precisava conquistar títulos expressivos. Minha volta assim é uma coincidência muito positiva. Seria mais triste estar aqui numa condição diferente. O time mostrou que é forte. Muitas vezes o time que ganha a Copa do Brasil não consegue manter o ritmo no Brasileiro. Mas, pelos jogadores que o Ricardo Gomes tem, espero que a equipe faça um bom Brasileiro. A partir de amanhã, a Copa do Brasil é passado.

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