Série D começa com Juventude e Santa buscando o renascimento

jogadores santa cruz campeão troféu (Foto: Antonônio Carneiro Costa / agência Gazeta Press) 

                                              Jogadores do Santa celebram título estadual
 
Criada em 2009, a Série D inicia neste sábado sua terceira edição com nomes pouco conhecidos - Plácido de Castro-AC e Formosa-DF, entre eles - e estádios de nomes curiosos, como Navegantão, Nhozinho Santos e Olho do Furacão. No entanto, o principal cartão de visitas está na presença de dois velhos conhecidos: o pernambucano Santa Cruz, presente nas outras duas edições da Quarta Divisão, e o gaúcho Juventude, que veio da Terceirona na temporada passada.

Presentes pela última vez na Série A em 2006 e 2007, respectivamente, Santa Cruz e Juventude buscam o renascimento no Campeonato Brasileiro. A campanha no estadual é motivo de esperança: o primeiro foi campeão pernambucano, e o segundo levou o troféu do interior no Gauchão, já que ficou atrás apenas da dupla Gre-Nal na tabela de classificação.

Cada um traz um nome de peso para a disputa. No Juventude, o técnico é o ex-zagueiro Picoli, campeão da Copa do Brasil em 1999. Ele acredita que o nome do clube nunca foi tão apropriado numa disputa. A estreia está marcada para o sábado, no Alfredo Jaconi, contra o Brusque-SC, às 17h.

- Tenho um grande desafio de retomar aqueles momentos maravilhosos de glória. Converso com meus companheiros dos tempos áureos até hoje e compartilhamos a vontade de ver o Juventude novamente lá em cima. Estou representando aquela geração vencedora e tenho uma missão de revelar jogadores para o clube. Temos jovens de muito potencial e isso pode nos dar boas chances de acesso - disse o treinador.
Tenho um grande desafio de retomar aqueles momentos maravilhosos de glória"
Picoli, técnico do Juventude
 
O lateral-esquerdo Anderson Pico, que atuou pelo Grêmio, é o jogador mais conhecido do elenco alviverde. Mas o treinador de 39 anos aponta outras fontes de talento em seu grupo.

- O Pico é o mais conhecido, porém é garoto também, tem apenas 23 anos. Quando cheguei, ele estava na lateral esquerda e eu ia tirá-lo. Mas o nosso ala direito se machucou, e ofereci a vaga para ele: "E aí, negão, vai pegar?". Ele aceitou e não saiu mais. Tenho outros jogadores muito bons. O nosso lateral-esquerdo Alex Telles (18 anos) é muito bom, temo até pelo assédio dos clubes grandes. O Cristiano (meia, de 24 anos) é outro referencial técnico. Há também o Bressan, zagueiro da Seleção de base, os meias Gustavo e Ramiro...  - encerrou.

Se juventude é a aposta do clube que leva o mesmo nome para brilhar, o Santa Cruz, por sua vez, vê a mescla entre mais velhos e mais novos como chave para o sucesso. O lateral-esquerdo Dutra, dispensado pelo Sport após o Campeonato Pernambucano, é o mais experiente do elenco, com 37 anos. Junto aos jovens, ele acredita numa ótima campanha, principalmente pelas poucas alterações no elenco após a conquista do título estadual. O primeiro desafio será no domingo, às 16h, contra o Alecrim-RN, em João Pessoa (PB) - o time do Rio Grande do Norte optou por jogar em uma cidade mais próxima a Pernambuco, acreditando em boa presença de público da torcida adversária.

- Estamos com um grupo forte, campeão estadual. Só saiu um jogador (o atacante Gilberto, que foi para o Inter), e ainda reforçamos o elenco. A expectativa de subir é boa. Eu, Têti (meia, ex-Botafogo e Vasco) e Jeovânio (volante, ex-Juventude) somos os mais experientes. Temos garotos que vieram da base muito bons. Renatinho (meia e lateral-esquerdo), Memo (volante) e Natan (meia) vão dar o que falar se continuarem com a mesma pegada - avisou.

Alex Telles Juventude Andrezinho Internacional (Foto: Ag. Estado) 
Alex Telles é uma das promessas do Juventude,segundo o técnico Picoli 
 
Com sete temporadas vestindo a camisa do Sport, divididas em duas passagens, Dutra não esconde que necessita vencer a desconfiança da torcida tricolor, mas promete empenho em seus primeiros jogos oficiais pelo Santa.

- Sei que a bonita história feita por mim no Sport ainda está na cabeça do torcedor do Santa. Mas prometo ser o mesmo profissional que fui no Sport. Quando estiver valendo três pontos, aí sim virá a cobrança e vou provar que posso ter sucesso aqui - concluiu.

A avaliação de quem subiu


Com o sonho de iniciar um retorno à elite do Campeonato Brasileiro, o campeão pernambucano e o campeão do interior no Rio Grande do Sul têm boas dicas nas palavras de Luizinho Torquato, presidente do Guarany de Sobral, vencedor da Série D em 2010. Ele não esconde as intempéries previstas para a caminhada na competição.

- O grande problema da Série D é o dinheiro. Meu orçamento para subir foi de R$ 1 milhão. Mas a CBF não nos ajuda em nada, e o governo do Ceará também cortou os incentivos. Recebemos R$ 234 mil deles em 2010. Agora, na Série C, recebemos apenas R$ 250 mil. As viagens são complicadas, mas deu tudo certo e nos divertimos. Difícil é quando você não consegue os resultados. Mas o grande problema é o dinheiro - resumiu, por telefone.

Menos crítico do que Luizinho, o presidente do Madureira - outro clube que conseguiu o acesso no ano passado - receita a formação de um time caseiro e de baixo custo. Além disso, Elias Duba acredita que é preciso utilizar bom senso em determinadas situações, evitando gastos excessivos com viagens desgastantes.

- Nosso orçamento foi de uns R$ 400 mil. Fiz um time barato, com a nossa base. Na fase semifinal, tive uma ideia para evitar um gasto absurdo. Na semifinal, contra o América-AM, teríamos de jogar em Santarém, no Pará, em uma viagem muito cara. Os custos com transporte e hospedagem estavam avaliados em R$ 100 mil. Sugeri a eles que mandassem o jogo deles em São Paulo (a partida foi em Guaratinguetá). Na volta, aqui no Rio, eu os hospedei de quarta a domingo na minha concentração. O custo foi bem menor. Eles nos venceram, mas depois tiveram seu acesso cassado pela escalação de um jogador irregular (Amaral). Perdemos nosso direito de jogar a final, mas subimos - recordou.

Assim como no ano passado, quatro equipes sobem para a Série C. Outros dois jogos abrem a disputa neste sábado: às 16h30m, o Nacional-AM recebe o Vila Aurora-MT, e o São Mateus-ES joga em casa contra o Volta Redonda-RJ.

Desistências

As dificuldades de transporte e a falta de dinheiro costumam provocar desistências na Série D. Para a edição de 2011, foram sete. As federações de Roraima e Rondônia enviaram ofícios comunicando que não disputariam o torneio. Assim, um representante de Manaus (Nacional) e outro do Mato Grosso (Vila Aurora) foram os substitutos, escolhidos em função da colocação de seus estados no Ranking Nacional de Federações.

Houve também mudanças locais. Em Goiânia, o Itumbiara ficou com a vaga do Crac-GO. Em Minas, o América de Teófilo Ottoni deu lugar ao Tupi. No Rio, saiu o Boavista e entrou o Volta Redonda. O campeão acreano, Rio Branco, cedeu sua participação ao vice, Plácido de Castro. Já o Tocantinópolis substituiu o Gurupi.

Se alguns clubes desistem da Série D, outros brigam pelo direito de disputá-la. A escolha do segundo representante do Amazonas gerou até briga judicial, depois que a federação apontou o Nacional com base no ranking da CBF. O Fast contestou a indicação no TJD-AM e, derrotado, buscou recurso no STJD - a ser julgado na semana que vem. Além disso, um torcedor do Fast exigiu a inclusão do time na Série D por meio de uma liminar no TJ-AM, mas ela foi suspensa pela federação local

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